A indústria da moda é composta por muitos profissionais. E dentre esses profissionais, quantos são indígenas? Para além de uma capa de revista, quantos profissionais indígenas estão em protagonismo? Estilistas, modelos, costureiras, modelistas, designers, diretores criativos, maquiadores, fotógrafos, assistentes, redatores, colunistas, editores, influencers, creators? Quantos indígenas criativos (atuando na moda) você conhece? Vale dentro e fora dos bastidores. Por favor, pare e pense. Estou me referindo a qualquer função. Reflita sobre isso de forma sincera. E só depois desse exercício, continue essa leitura. O mundo é maior e mais plural do que podemos imaginar. Precisamos falar de um mundo onde caibam todos os mundos. Por isso não existirá diversidade sem representatividade. E representatividade sem oportunidades, é inviável. Se a moda é sobre comportamento e humanidade, não se pode mais tolerar uma moda desumana, racista e excludente. Reconectar à esses valores é a única forma da moda fazer sentido e voltar a ser relevante. Todas as narrativas importam! E imaginem como é importante haver talentos nativos em um território originalmente indígenas? Se busca muitas referências sobre sustentabilidade. E muitas vezes olhando para fora. Quando na verdade, não há nada mais justo e potente do que valorizar a moda local. A moda é eurocêntrica. E foi criada para ser. Mas hoje, no mundo contemporâneo em que vivemos, fica perceptível que não podemos mais usar os padrões europeus como referências únicas. Todas as referência de beleza que a moda impôs estavam distante dos nossos traços, identidades e nação. E isso criou abismo terríveis na auto estima de garotas pretas e indígenas. Hoje eu entendo quão problemático eram as capas de revistas com padrões pouco representativos. E aí sigo fazendo essas análises e discutindo a importância de enaltecer nossos povos e culturas. Diante disso, acho muito necessário descolonizar a moda no Brasil. Dizem que sou a percussora dessas discussões. E eu penso que onde não há espaços, precisamos criá-lo. Sei do quanto isso é significativo para quem não se enxerga em espaço nenhum. E por crescer sem essas referências, precisei fazer dessa moda um ato político e social. Se isso resultou em um debate que tem mudado as estruturas da moda brasileira, estou no caminho certo. E é só o começo de tudo o que precisamos pautar daqui por diante. No dia 27/11, na última sexta feira, meu desfile CORPO TERRITÓRIO foi ao ar na Casa de Criadores. E o ativismo que faço na moda, sensibilizou e emocionou a moda nacional. Mas antes de emocionar críticos e profissionais da indústria, essa moda feita por mim, me emociona. Isso simboliza toda a mudança que desejo ver nessa indústria. tudo. Nessa onda de emoções, também tocou os povos originários dessa terra, pessoas que nunca se enxergaram nesse espaço anteriormente e que a partir desse movimento se sente representado de forma direta. E olha que interessante: Sem apropriações culturais, estereótipos, paradigmas. Com significados, propósito e muita força! Por aqui eu me despeço com a imensa alegria de cumprir o meu papel no mundo; com autenticidade, estética minimalista, sustentabilidade e raízes fincadas em minhas origens indígena (sim, ORIGENS; porque para além da minha raiz indígena brasileira fulni-ô, enalteço minhas raízes indígenas da minha bisavó vinda de Lima, família Velasco). Com a força das minhas matriarcas e com o sangue latino que corre em minhas veias, eu tenho orgulho de dizer: sou indígena, por parte de mãe e pai. E sem o resgate da minha identidade, essa seria só mais uma história no mundo. Assistam o desfile Corpo Território na Casa de Criadores: nalimo – CASA de CRIADORES
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