AMÉRICA LATINA ÉS UNA INVENSIÓN COLONIAL;
ABYA YALA REANUDADA DE LA TIERRA ORIGINARIA. Texto de Dayana Molina, Diretora Criativa e ativista indígena.

É impossível escrever e refletir Abya Yala sem vivenciar Abya Yala. América Latina é uma invenção colonial. Terra invadida pelo italiano Américo Vespúcio; que ao navegar em busca das "índias", encontra um "novo mundo". No conceito colonial, esse novo mundo não tinha nada relevante para ser respeitado. Consequentemente, se "inventa" a história chamada de "descoberta". Nunca houve uma descoberta. Foi invasão. E uma invasão violenta!
Esse continente chamado América Latina, é Abya Yala. Terra ancestral habitada por povos nativos de diferentes culturas indígenas, povos, nações e clãs originários. Essa invenção resultou em danos irreparáveis; questões políticas, sociais, econômicas, identitárias, epistêmicas e éticas. Surgindo e se impondo da forma mais agressiva, violenta e desumana. Humanos? Para o colonizador, o conceito de humanidade se deu pela raça. E como considerar humano o que não respeitavam ou atribuíam dignidade? Por esse motivo, nem humanos éramos considerados. O que hoje, depois de séculos carrega o estigma de selvageria e sub humanidade para os povos indígenas e outros grupos étnicos ou racializados.
Desde a invasão, os colonizadores trouxeram uma série de comportamentos e novos hábitos que foram violentamente impostos aos povos originários. Uma dessas imposições resultou no fim de muitos grupos, povos e culturas indígenas. Gerando assim forte apagamento e invisibilidade. Um exemplo simples é a proibição de línguas maternas, medicinas ancestrais, espiritualidades, rituais e uso das vestes tradicionais. Curioso, que atualmente, é exatamente isso que nos cobram ou questionam; falar a língua nativa que foi proibida aos nossos ancestrais, cultuar os ritos que foram demonizados, vestir as roupas que foram marginalizadas. E esse comportamento é nada mais, nada menos que a colonização contemporânea os impondo novamente o que fazer e como nos comportar. Deslegitimar nossa existência porque não somos "puros". Como se a miscigenação fosse uma escolha nossa ou de nossas famílias. Nossas matriarcas foram violadas de muitos modos. Não só em seus corpos físicos, mas também em seus comportamentos, práticas culturais e espiritualidades. Por isso hoje, retomamos o nosso direito de existir; de viver resistindo para que não exista mais apagamento. Respeitem a nossa existência e resgate ancestral. Não reproduzam mais colonialidades! É injustificável posturas que reproduzem racismos e preconceitos. Quando refletimos sobre fatos históricos, se torna mais compreensível entender um pouco das dores que nos atravessa, Quando me refiro a compreender, é sobretudo ter empatia. Ninguém pode sentir as dores que nunca viveu.
Resistimos hoje para que se preserve as terras e povos que habitam em Abya Yala hoje. A terra é ANCESTRAL. Essa terra é sagrada, não se troca e nem se vende. Quando pensar em América Latina, lembre que esse território se chama Abya Yala, território indígena que precisa urgentemente de reparações históricas. Como uma casa de aparência bonita e estruturas apodrecidas (em qualquer momento pode desabar). É tempo de novas reconstruções. E isso exige muito comprometimento social, sustentável e inovação. Mas e Abya Yala, o que significa? Na língua do povo Kuna, significa terra madura; terra viva; terra em florescimento ou terra fértil. Também sinônimo de América. O povo Kuna é originário da Serra Nevada, no norte da Colômbia, tendo habitado a região do Golfo de Urabá e das montanhas de Darien. Vivem atualmente na costa caribenha do Panamá na Comarca de Kuna Yala (san Blas). Abya Yala vem sendo usado como uma autodesignação dos povos originários do continente como contraponto a América A expressão foi usada pela primeira vez em 1507 mas só consagrada a partir do final do século XVIII e início do século XIX, por meio das elites crioulas, para se reafirmarem no processo de independência, em contraponto aos colonizadores europeus. A expressão Abya Yala vem sendo cada vez mais usada pelos povos originários do continente objetivando construir um sentimento de unidade e pertencimento.